28.6.11

Jewellery Talk

frame do video 'Jewellery Talk'


Em 2006 Daniela Hedman & Kajsa Lindberg  viajaram pela Europa e fizeram várias entrevistas com diversas pessoas envolvidas com arte-joalheria (artistas, professores, galeristas e historiadores de arte) por sugestão de Ruudt Peters, professor na época na Ädellab/Metallformgivning, Konstfack, Suécia.

Entre tantos, Otto Künzli, professora da Akademie der Bildenen Künste de Munique comenta, por exemplo, no vídeo: "Os alunos me perguntam sobre a "empregabilidade. Mas o que é isso? Isso é doente, impossível para a arte, para qualquer tipo de arte" (...) "Este é o fim em ser criativo"

Para ver o vídeo, é necessário clicar no link

Os participantes do video são: Celio Braga, Leo Caballero, Ingrid de Coster, Paula Crespo, Paul Derrez, Iris Eichenberg, Nicolás Estrada, Silke Fleischer, Cristina Filipe, Felix Flury, Karl Fritsch, Jaime Garcia, Monica Gaspar, Ineke Heerkens, Jiro Kamata, Otto Künsli, Felieke van der Leest, Hugo Madureira, Jorge Manilla, Lali Mensa, Marc Monzó, Ramon Puig-Cuya, Dr.Corinna Rösner, Tereza Seabra, Anna Shetelich, Louise Smit, Wim Vandekerchove, Andrea Wagner, Christoph Zellweger, Olga Zobel Biró.

22.6.11

Gijs Bakker e esse objeto que diz tudo sobre nós...

 postado por Ana Paula de Campos

Sexta feira tive a oportunidade de assistir a uma palestra do ícone da joalheria holandesa Gijs Bakker.  Bem humorado, ele iniciou comentando que achou surpreendente como os brasileiros estavam pronunciando corretamente seu nome (lê-se “Ras Bakker”). Mais conhecido por seu trabalho à frente do Droog Design, ele veio participar do salão Design São Paulo, que aconteceu na OCA - Parque do Ibirapuera, onde uma plateia de interessados em design foram ouvi-lo.

Ainda que o evento tivesse como foco “ Conexões de Economia Criativa”, Bakker ressaltou desde os primeiros slides a importância de sua formação e atuação na joalheria, nos anos 60-70. Ao apresentar suas primeiras peças ele destacou que, mesmo tendo frequentado uma escola de ourivesaria muito tradicional, de caráter mais prático que reflexivo, a joia que produzia  refletia a inquietude e o espírito de contestação  da juventude daquele período.

Segundo ele sua geração tinha uma “crença sagrada” no novo - novos materiais, nova estética, nova atitude, novos conceitos - cultuando todas as manifestações que se opunham à tradição. Atraves do humor, seu recurso identitário, mostrou muitos exemplos, como as jóias para a nobreza – permitindo que todos os holandeses pudessem se sentir parte da famila real -, ou ainda sua versão da aliança de casamento – uma foto do ser amado para ser pendurada no pescoço.






Ao definir a joia como “esse objeto que diz tudo sobre nós”, Bakker destacou a importância do ornamento para além de seu papel decorativo, rejeitado desde os primeiros trabalhos que desenvolveu. Apesar da qualidade de suas peças e do reconhecimento que desfrutava na Holanda,  Bakker explicou que nos anos 60-70 sua joalheria pertencia a um outro mundo, muito separado do design, aonde ser joalheiro era uma atividade abaixo do interesse.
Como joalheiro, parecia que eu estava vendendo pornografia, como designer fui mais considerado”.
Esse comentário parece explicar sua inserção no campo do design. À frente da Droog e como docente na Design Academy Eindhoven, Gijs Bakker teve papel de destaque na inserção do design holandês no cenário internacional, tão dominado, segundo ele, pelos italianos. Em sua análise a expertise dos holandeses está em ser “comerciantes”, enquanto que os italianos, ele considera-os como tradicionalmente “fabricantes”. Por isso sua recomendação aos designers foi “execute suas ideias pois se elas forem maravilhosas, mais cedo ou mais tarde voce terá que fazer negócios”.

Apesar do sucesso da Droog no mundo dos objetos, Bakker nunca deixou de atuar no território da joalheria, tendo fundado em 1996 o “Chi a paura...?”, em parceria com Marijke Vallanzasca. Trata-se de uma iniciativa de caráter expositivo e comercial aonde consagrados nomes do design são convidados a desenvolver uma joia, aproximando-os dos artistas joalheiros. Dentre os muitos colaboradores destacam-se Marcel Wanders, Marc Newson, Tord Boontje, Martí Guixé e os brasileiros Irmãos Campana.

Para finalizar Bakker apresentou suas mais recentes joias, inspiradas em jogadores de futebol, numa analogia às noções de  status e valor (associadas aos milhões que os envolvem em salarios, patrocinios e equipes) presentes no imaginario da joia. Me pareceu claro que é através da joalheria que ele extravassa com ironia e humor seu olhar de crítico social.


21.6.11

New Earrings: submeta seu trabalho



Nicolas Estrada, artista joalheiro colombiano radicado em Barcelona e autor do livro “New Rings: 500+ Designs from Around the World”, convida a submeterem seu trabalho para a seleção do segundo livro da coleção da editora Promopress:  “New Earrings”.

Nicolas busca mostrar nesse segundo livro uma seleção internacional relevante de brincos. Junto com a peça aparecerá um perfil do artista e os detalhes técnicos do trabalho, sem custos para o artista. 

Caso o trabalho seja selecionado o artista recebe um exemplar (o transporte não está incluido).
As imagens TIFF (300 dpi,  máximo A4 e minimo A5) deverão ser enviadas até 18 de setembro por email

Como afirma Nicolas: "En el libro anterior salió muy poco trabajo de Brasil y me encantaría que en este hubiera mucho más". Clique aqui para baixar a ficha de inscrição e enviar suas imagens!

18.6.11

Garbage PIn


O projeto itinerante da artista portuguesa Ana Cardim leva o trabalho de 90 artistas agora para Berlin.

Projeto Figura 11

O projeto FIGURA nasceu em 2002 da vontade de duas artistas, Claudia Tavares e Dani Soter, de criar novos espaços para a exibição da produção artística contemporânea. Apartamentos, casas, galpões, lugares não destinados à exposição de trabalhos de arte, tampouco à visitação pública, são utilizados como alternativa ao circuito das artes plásticas. Pelo caráter não institucional, estas exposições são efêmeras e geralmente duram apenas um dia. Desta forma, os artistas são convidados a apresentar sua produção ou intervir especificamente nestes locais.

O projeto Figura, ganha agora sua 11ª edição. Além da presença das artistas brasileiras  que neste momento também participam da Think Twice - New Latin American Jewellery , Stella Bierrenbach e Dani Soter, também conta com a participação de Morgan Hyonne e  Brune Boyer. Multidisciplinar e efêmero por essência, o projeto acontece em um apartamento parisiense  (28, rue d'Artois) em 23 de Junho.

Stella Bierrenbach

17.6.11

Pioneiros: reconhecimentos

Resgatar a importância de uma geração iniciadora nos pareceu relevante, principalmente se nos dermos conta que essa geração não dispunha das facilidades de comunicação e informação com o que se passa no mundo como temos hoje.  Queremos neste post mencionar ações de pessoas de gerações posteriores à dos pioneiros que merecem destaque por prezar esse reconhecimento, sem focar-se apenas em auto-promoção:

A primeira é o prêmio e exposição criados em 2005 por Michael Striemer. Comprometido não apenas com seu trabalho, porem também com o ensino, Striemer reuniu nomes significativos da produção nacional destas décadas pioneiras. Publicamos aqui algumas fotos do evento que pode ser visitado no  site de sua escola California 120
Michael Strimer

Clementina Duarte
Kjeld Boesen
Renée Sasson
Ulla Johnsen

Em segundo, destacamos a exposição Think Twice - New Latin American Jewellery, exposição itinerante que já esteve no Museum of Art and Design de Nova York e que acontece agora em Seattle. Curada por Valeria Vallarta, presidente da Fundação Otro Diseño apresenta entre os 53 artistas, os pioneiros Caio Mourão e Reny Golcman.
Caio Mourão (imagem cedida por Livia Mourão)



Em terceiro, Renato Wagner, que em seu pioneiro livro "Jóia Contemporânea Brasileira", de 1980 destaca:
"O papel de pioneira na arte das jóias, desempenhado por Reny Golcman, foi reconhecido pelo 1º Prêmio que recebeu na XI Bienal International de São Paulo, em 1971, pelas suas jóias mutáveis.
Com as jóias mutáveis, Reny introduziu na joalheria brasileira contemporânea o conceito de obra aberta, de importância fundamental na arte, na música e na literatura das últimas décadas, como Ligia (sic) Clark fizera anteriormente na escultura, com os seus Bichos, e Yacov Agam nos seus quadros.  A idéia de obra aberta foi uma elaboração teórica fundamental que ampliou e aprofundou extraordinariamente a teoria da arte como processo de comunicação, o fundamento de toda a arte do século XX, desde Kandinsky a Marcel Duchamp. A concepção da obra aberta se baseia num aprofundamento da função do fruidor na comunicação artística, visto agora como um participador criativo, em vez de mero espectador."
Reny Golcman

13.6.11

Pioneira portuguesa

Cristina Filipe comenta, em razão do post anterior, sobre a uma pioneira portuguesa que terá uma exposição sua em Outubro no MUDE. Junto com a exposição será lançado um catálogo sobre o qual se debruça agora Filipe. A coincidência de temas, motivou-a ao seguinte cometário:

Kukas a pioneira portuguesa nascida em 1928, participou em 1977 na Bienal S. Paulo e em seguida teve uma exposição no Museu de Arte Moderna no Rio de janeiro. Vejam o artigo que saiu no jornal Ultima Hora no RJ:
“Brincos, Colares, pulseiras, anéis e caixas em ouro e prata estão em exposição no Museu Nacional de Belas Artes, um trabalho sofisticado e de muito bom gosto que nos traz Kukas, a artista plástica portuguesa que recentemente esteve expondo suas peças na Bienal de S.Paulo. Ela define assim o seu trabalho: “ Minhas peças têm uma superfície linear, onde depois inscrevo elementos decorativos, como pedras, ou com um tratamento diferente feito na própria peça. Meu objectivo maior é fazer com que a jóia passe de um elemento convencional tradicional, que geralmente representa uma ostentação de riqueza, a um objecto que tenha valor por si mesmo como peça artística. Quero que a jóia seja adquirida como qualquer outra manifestação de arte, e que tenha o mesmo sentido de busca, dos outros movimentos artísticos, e que não fique como peça estagnada de nível tradicional. Desejo que a minha jóia seja arte de trânsito, que tenha uma função humana, mediadora entre a pessoa que a usa e o mundo exterior em que ela vive.”

in Ultima Hora / Revista , RJ

Os pioneiros

postado por Ana Paula de Campos
 
O debate em torno do campo da arte-joalheria no Brasil ainda é bastante insipiente, seja no contexto social, seja no campo acadêmico no qual a ausência de formação específica na área pode ser um dos fatores que configuram esse cenário. 

No Brasil, nas décadas de 60 e 70, a joia aproximou-se do universo das Artes Plásticas, tendo chegado a integrar importantes mostras como a Bienal de Arte de São Paulo, da 4ª edição em 1959 até a 12ª em 1973 inclusive com premiação específica para a categoria, conforme quadro abaixo:

Dentre os pioneiros da joalheria com desenho moderno no país, destacam-se nomes como o de Renée Sasson, Caio Mourão, Ulla Johnsen, Lívio Levi, Bobby Stepanenko, Clementina Duarte, Nelson Alvim e Reny Golcman. Também é possível citar artistas plásticos/ escultores que se dedicaram eventualmente à produção de joias, tais como Domenico Calabrone e Carlos Vergara entre outros (WAGNER, 1980). Entretanto, apesar dessa aproximação, a arte-joalheria não chegou a constituir uma prática artística amparada por uma formação acadêmica.

Durante as décadas de 80 e 90, uma formação de caráter mais técnico foi disseminada através de escolas de ourivesaria, muitas delas comandadas pelos próprios joalheiros acima citados, constituindo uma espécie de complemento de uma educação formal em artes ou em desenho industrial.

Foi no final da década de 90 que se deu o boom do design de joias no Brasil, incentivado por concursos e ações governamentais, tais como a criação de um planejamento estratégico para o setor joalheiro dentro do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade e a implantação do Prêmio IBGM de Design pelo Instituto Brasileiro de Gemas e Metais (Henriques, 2002 in LEAL). Ambas as iniciativas visavam tornar o mercado exportador de produtos com valor agregado e não apenas exportador de pedras e metais. Em poucos anos, surgiram diversos cursos de formação e/ou especialização em design de joias, sobretudo em Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo, vinculados à produção industrial, seja ela em larga escala ou em séries menores e mais ‘exclusivas’.

Entretanto, essa ênfase no design como legítimo campo de criação da joia tem dificultado a compreensão e inserção dessa prática como disciplina artística no país. Muitas das discussões em torno da joia restringem-se atualmente às noções de estilo (pessoal ou de um público-alvo) de gestão e de produção e a proliferação de conceitos e coleções, cadernos de tendências e ‘inovações’ em materiais (tecnológicos, ecológicos, exóticos, etc.) revelam uma aproximação com as dinâmicas da moda e fluxos de mercado.

Através desse breve relato sobre a história recente da joalheria no Brasil é possível compreender que caminhos nos levaram a atual condição da produção joalheira no campo da arte.

Reny Golcman

6.6.11

Aproximações e diferenças

Acontece amanhã, terça, dia 7 de junho a palestra de nossa colaboradora Ana Paula de Campos sobre a materialidade na joalheria contemporânea dentro do Seminário de Estudos e Pesquisas em Design, onde ela aborda o delicado tema das convergêncas nos campos de design e arte. 
O assunto é complexo, vale a pena conferir.


5.6.11

Entrevista sobre Arte-Joalheria

postado por Mirla Fernandes

Aproveitando a aproximação do curso "O Colar de Pérolas Revisitado" que começa agora dia 9 de junho, fui entrevistada pela Record News sobre o curso e para falar um pouco de arte-joalheria.

4.6.11

O meu "colar" já está definido...




aha! Este não é o meu colar!

....venha pensar o seu!


Agora em junho proponho um workshop de 4 encontros na FAAP para discutir, repensar e recriar o colar de pérolas, não necessariamente usando pérolas ou fazendo um colar. A idéia é expandir as possibilidades e territórios. A pérola aparece aqui como ponto de partida para conhecermos os trabalhos de alguns artistas que já pensaram sobre o tema e para levar voce a uma reflexão sobre o precioso, o desejo, a tradição, etc.

A minha proposta já esta pronta: trata-se de uma experiência sensorial coletiva a qual convido voce a participar no primeiro dia do workshop.

Venha conhece-la!

Para se inscrever  ligue para 3662-7034 (Núcleo de Cultura)
Início: 9 de junho

Os 4 encontros ocorrerão às quintas das 19h00 às 22h00.


postado por Mirla Fernandes

1.6.11

Think Twice em Seattle

Veja as fotos da exposição Think Twice: New latin American Jewellery curada por Valeria Vallarta que está acontecendo agora no Bellevue Arts Museum em Seattle. As fotos foram gentilmente cedidas por uma das artistas participantes, Martacarmela Sotero

Miguel Luciano



Claudia Cucci


Walka





Mirla Fernandes


Francisca Kweitel

Lucia Abdnur (a esquerda)

Nicolas Estrada (a esquerda)

Magali Anidjar


Martacarmela Sotero

Lucia Abdenur, Marta Carmela Sotero, Valeria Vallarta, Lorena Lazard, Benjamin Lignel